A Natureza como modelo na construção de Casas Ecológicas, Habitats Sustentáveis, Tecnologias Vivas e Comunidades Sustentáveis.

Nature as the model for the construction of Ecological Houses, Sustainable Habitats, Living Technologys and Sustainable Communities.

sexta-feira, 22 de junho de 2007

Esquadro e ensino-aprendizagem

Ontem finalmente iniciamos os trabalhos com pedreiro. Com ele estabelecemos o esquadro da casa, medimos os cômodos e iniciamos a abertura das valas do alicerce. O pedreiro é Antônio (Fiinho) e Levino sempre que possível.

Quando cheguei já estavam no local e haviam aberto um buraco no terreno: "não gosto de perder massa nem água" disse o pedreiro Antônio, "assim fazemos a massa só nesse lugar e nada se perde". Gostei da idéia. Aprende-se muito e ensina-se muito também. Levino não conhecia a compostagem e ficou fascinado quando sentiu a quentura do ferrinho que mantemos dentro do composto para acompanhar a evolução da temperatura.

Enquanto eu e Antônio fazíamos as marcações no terreno, Levino dava seqüência ao trabalho cortando o terreno atrás da casa, para nivelar com a casa. Essa terra será usada no preenchimento da fundação e servirá de local para areia, pedra e manufatura da massa. Antônio sugeriu ainda de comprar uma caixa d'água e deixar no terreno: "Já que a idéia é otimizar e aproveitar, comprar um tambor depois vai jogar fora. Compra já uma caixa d'água de 500 ou 1000 litros que depois vai usar na casa" (um reservatório é necessário para facilitar a produção da massa e demais necessidades na obra). Gostei novamente. Uma parceria vai-se estabelecendo, uma aprendizagem-ensinante, um ensino-aprendente.

Tudo organizado no terreno, pedras, brita, areia e cimento estarão a poucos metros e dispostos estrategicamente para minimizar esforço (tudo ficará num plano mais elevado, de maneira que desceremos com o material até a obra) e otimizar trabalho e tempo. Também o descarregamento está otimizado, colocando tudo em seu devido lugar.

Pedras e Base

Anteontem estive em uma pedreira de quartzo rosa em Brazópolis, distante 30km de Itajubá, 18 de Gaia Terranova. Fui ver preços e condições das pedras com a idéia de levantar a base da casa com elas. As contas em mente são em relação a tijolo, concreto, pedra. Concreto fica muito caro - as ferragens encarecem bastante. Tijolos, segundo o engenheiro Ademir, serão necessários uns 14 mil. As pedras podem ser fornecidas em tamanho de pilastras de 0,25x0,25x0,50 e serão necessárias umas 600. Sai pela metade do valor dos tijolos.

Se as pedras tem o inconveniente da degradação ambiental, esta é bastante localizada, ao passo que a produção de tijolos, além do impacto da retirada de terra (mineração também!), necessita de árvores para a queima. E libera CO2 na atmosfera. Degradação local e distribuída na atmosfera.

Em ambos a mão-de-obra é local e existe consumo de combustível fóssil no transporte, que equivale na distância. Assim, o que está determinando a decisão de utilizar pedras é o custo final e o próprio material: é pedra e vai durar a eternidade!!! Outra questão é estética: é granito rosa e dá um tom alegre e jovial. E para os espiritualistas, bom lembrar que o rosa é cor do chacra cardíaco.

Chegamos então na Base. A base da primeira casa será de pedra: estável, durável, sólida, encorpada, resistente. E rosa, chácra cardíaco, AMOR na base de todo trabalho. Então é isso: a base é AMOR, então nada melhor que granito rosa.

terça-feira, 19 de junho de 2007

Composteira e material reutilizado

Lidar com a terra é mesmo uma delícia!!!
Ontem preparei uma composteira. Levino está virando a terra pra dar conta de um trecho de brachiária. O sol seca as raízes e depois destorroa pra ter o solo pronto pra horta.
Parte desse trabalho é otimizar o capim do local já cortado e seco e com ele fazer um belo composto. Coisa super simples: uma camada de capim, uma de esterco, uma de capim, uma de esterco. A cada camada de esterco molha-se bem e no final cobre com capim pra evitar evaporar muito rápido.
O esterco traz consigo uma infinidade de microrganismos e a palha fornece o carbono. Esterco e palha umedecidos viram uma casa e banquete para os microrganismos que se multiplicam decompondo a palha e enriquecendo o material com substâncias diversas que são utilizadas no processo de alimentação e crescimento.
A temperatura depois de dois ou três dias já estará alta, devido ao processo de fermentação que inicia no composto. O cuidado é para que não aqueça demais, então um ferro qualquer enfiado no monte, nos informa de quando em quando da temperatura no interior. Se muito alta ou após alguns dias, reviramos todo composto. Isso aera, mistura, baixa a temperatura. Com oxigênio organismos aeróbios proliferam e tendem a atacar eventuais microrganismos com potencial patogênico. Uma festa!!!
Como produto final, humus, terra preta, cheirosa, linda, cheia de vida e nutrientes prontos para as plantas. No lugar de queimar e destruir, aprender com a floresta e reproduzir o conhecimento fazendo compostos, enriquecendo a vida, ampliando as possibilidades de todos: animais, plantas, microrganismos, humanos.

Hoje conversei com o engenheiro Ademir ,que preparou a planta a partir de esboço que apresentei, baseado este no trabalho da Fabiane. A casa terá alguns pilares em concreto que me permitirão brincar com paredes não-estruturais e poderemos então levanta-las com adobe, pau-a-pique, cob, taipa, o que for. O telhado será de concreto, pois quero fazer um jardim sobre ele. E talvez levantar um segundo andar na parte sul da casa.
Saindo da prosa com o engenheiro passei em uma pequena oficina onde vira alguns janelões. Oportunidade imperdível, três janelões antigos, envidrados, madeira de primeira, sendo vendido por uma ninharia. Uma oficina quase sem movimento e que agora terá trabalho por algumas semanas para lixar, arrumar, limpar, deixar lindos os janelões. O que era "lixo" virou trabalho e renda, reaproveitamento de materiais e alegria, pois são mesmo muito lindos esses janelões.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

ESPÉCIES PLANTADAS ATÉ 15/06/07 - tabela completa

Clique no link para ter acesso à tabela completa.

PLANTIO EM BERÇOS

Em covas vãos os mortos. Plantamos vida nova, então plantamos em BERÇOS.

Nesses retiramos um pouco do solo superficial e deixamos de lado. Idealmente faríamos um berço de 40x40x40cm onde iria esterco e talvez adubos químicos. O terreno se mostra com boa umidade, embora já estejamos no período de estiagem. O capim não foi queimado, apenas cortado para recobrir o solo. Alguma matéria orgânica permanece na superfície. Juntando tudo, resolvi plantar usando a cavadeira até uma profundidade de 40cm.
Com o capim já seco fiz fechos e, como bucha, coloquei-os e soquei dentro do berço. Quero com isso que mais matéria orgânica permaneça abaixo da planta, retendo água e liberando nutrientes com o apodrecimento. Misturado a ele, o solo superficial que é mais rico em nutrientes. Juntos, capim e solo devem permitir uma aeração maior, bem como espaços para o crescimento das raízes e liberação de nutrientes.
Mantive ainda a lateral dos sacos plásticos, querendo com isso "forçar" o crescimento das raízes, em um primeiro momento, em direção ao fundo, enraizando, buscando água, fortalecendo. Como os saquinhos não são muito grandes, logo as raízes laterais o romperão ou se expandirão a partir do fundo. Na superfície, uma camada generosa de capim seco para proteger o solo e liberar nutrientes. Uma vara de bambu indica o local do plantio e orienta o crescimento.

O desenho abaixo dá uma idéia de como foram preparados os berços.

PLANTIOS (clique aqui para ver a imagem ampliada)

Hoje terminei o plantio das espécies conseguidas até o momento.

No total são 27 indivíduos nos terrenos (fora os ipês amarelos que já estavam e que ainda não contei ou mapeei), de 24 espécies diferentes. Abaixo está o mapeamento feito até o momento. Clique no link acima para mapeamento em resolução maior.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Árvores Nativas

Os últimos três dias tem sido de estudo e planejamento da vegetação arbórea dos terrenos.
Como vimos anteriormente, o cálculo da declividade do terreno a NW, nos deu um valor aproximado de 14 metros. Para não compremetermos a vista das montanhas que se tem do lugar, passamos a escolher árvores de porte médio, seguindo, preferencialmente, os parâmetros compilados pelo site da Bioverde ( http://www.bioverde.com.br/ ), complementado por informações colhidas no site ÁrvoresBrasil ( http://www.arvoresbrasil.com.br/ ), ambos deliciosamente bons:

C = Frutos para consumo humano
B = Néctar para beija-flores
S = Indicadas para sombreamento
P = Alimento para pássaros
O = Atributos de interesse ornamental
A = Produtora de néctar ou pólen
F = Alimento para fauna terrestre
M = Madeira com valor comercial

O objetivo é dar enfoque prioritário às nativas, principalmente frutíferas, sem descuidar do aspecto ornamental: queremos flores, frutos e beleza para atrair e alimentar pessoas, pássaros, animais, insetos...

Algumas das espécies escolhidas conseguimos comprar no viveiro do IEF - Instituto Estadual de Florestas, aqui de Itajubá-MG, a maioria por R$ 1,40. Logo pretendemos uma visita ao viveiro da CATI - Coordenadoria de Assistência Técnica Integral, do Governo do Estado de São Paulo, onde o pessoal da EMATER daqui nos informou haverem mudas bastante variadas e de alta qualidade. O viveiro mais próximo fica em São Bento do Sapucaí, não muito distante daqui:

CATI - Núcleo de Produção de Mudas de São Bento do Sapucaí
Logradouro: Bairro Pinheiro
Cidade: São Bento do Sapucaí Estado: SP
CEP: 12490-000
Endereço Eletrônico: npmsb@cati.sp.gov.br
Telefone: (12)3971-1306

Com essas informações, iniciamos o plantio de árvores, colocando as de porte mais alto na parte mais baixa do terreno e outras na divisa sul (parte mais alta do terreno, atrás das futuras casas) com objetivo de barrar ventos mais frios e adensar a região da cerca viva que será formada, sem prejudicar a insolação e aquecimento das casas no inverno. Nessa região já plantamos duas Araucárias e outras ainda virão.

A relação completa das mudas plantadas e sua disposicação no terreno podem ser vistas no mapeamento que estamos fazendo. Como uma das idéias é "organizar sem complicar", utilizamos os mourões da cerca como referência para o mapeamento. Esses foram colocados a uma distância de 2m entre si, de modo que nos oferecem agora as linhas de "ordenada e abscissa", o "x" e "y" da matemática, que nos permite posicionar quaisquer pontos em um plano.

Amanhã disponibilizo o mapeamento com as espécies e localização nos terrenos.

sábado, 9 de junho de 2007

Posses, cercas, limites e plantios (clique aqui para ampliar a imagem de hoje)

Uma amiga tem falado da necessidade de "tomar posse" de si mesmo, de sua referência no mundo, de sua materialidade/espiritualidade. Pensava nisso enquanto colocava os mourões no terreno, e bem lembrou-me ela que a "mudança de domínio" tem tudo a ver com a mesma questão. Evoluindo, penso. A mudança de domínio foi em relação ao Encantador de Sonhos (www.encantadordesonhos.com.br) para EcoEducação (www.ecoeducacao.com.br). Mudam forma, conteúdo, trabalho, muda tudo: minha inserção/posição no mundo, comigo mesmo, com a família, a sociedade, o espírito, tudo.

O "tomar posse" tem essa característica de estabelecer um lugar, um marco, um ponto focal a partir do qual o cuidado com a terra, Gaia Terranova, possa ser concebida, tomar forma, nascer. Não me ocupava, como não me ocupo, de colocar cercas no sentido de proteger uma "posse", mas de clarear limites. Limites semi-permeáveis, no entano, pois não desejo impedir a passagem de animais silvestres, por exemplo, muito menos ameaçar com arames farpados, espinhos, agressões que dissimulam os medos internos, as inseguranças de se perder o equilíbrio, a "tranquilidade". Tudo isso não está fora, mas dentro, e não são cercas elétricas que mantém o "perigo" fora: nós mesmos, com nossos medos e inseguranças nos encarregamos de trazê-los todos para dentro de casa. Assim é outro o trabalho em relação a limites, propriedades, posses, possessões, domínios. O terreno está delimitado como um ser vivo, com membranas semi-permeáveis que permitem a passagem de algumas coisas enquanto impedem a passagem de outras.

Não me interessa, por exemplo, que vacas, bezerros, bois e parentes adentrem o terreno. Assim como não me interessa machucá-los para que se mantenham distantes. Daí usar arame liso, o que foi feito ontem, eu e Levino, trabalhando dia inteiro para colocar três fios de arame na cerca, tão esticados que se pode tocar uma moda de viola neles. O som, o vento, o ar, a chuva, as pessoas convidadas, as siriemas, os pássaros, os tatus, todos podem passar sem se ferir. Os bovinos e equinos não. Isso porque semeamos por esses dias e logo começarão a brotar os risos da terra, as crianças verdes, as espécies fotossintetizantes que ampliarão a diversidade e vida local. Damos assim o início do processo dentro de novos parâmetros, longe da monocultura e buscando a diversidade, por entender que ela enriquece, enquanto a monocultura empobrece.
Também ontem Levino trouxe bambus e os cortou em tamanhos adequados e juntos fizemos vários "A" (foi como ele os chamou, rs), estruturas que se cruzam em cima e com uma trave abaixo, um "A" mesmo, para que possam se apoiar as ervilhas e feijões. Colocamos as estruturas logo abaixo as leiras das curvas de nível, para sombrear um pouco as hortaliças e de modo a não impedir a passagem pelos camiinhos.

Hoje (sábado) retornei cedo ao terreno e semeei girassol graúdo a lanço em parte do terreno, mais girassol miúdo nas leiras que dão continuidade àquelas já semeadas com verduras. Tudo está sendo coberto com a palhada cortada quando da entrada no terreno e aos poucos o solo que estava descoberto (com a abertura das curvas de nível), vai ganhando cobertura morta após a semeadura. Onde as leiras se encontram com as cercas, semeei bucha, outra trepadeira que quero ganhe os limites do terreno, formando cercas vivas, comestíveis e de utilidades múltiplas. Pretendo ainda semear trepadeiras ornamentais, maracujás, xuxu, pepino, legumisosas diversas e manter o cipó-são-joão, bastante abundante no terreno e que deu uma trabalheira danada. Cumpre ele a função de proteger o solo e fazer a comunicação entre áreas do terreno. Agora permanece no local, mas de forma orientada, pois logo pretendo que seja também utilizado no amarrio de estruturas que comporão as paredes de pau-a-pique, que fará algumas das divisões internas da casa.
Levino também chegou cedo e iniciou a limpeza de área que acordamos ontem será para hortas. Teremos muitos produtos em pouco tempo.


quinta-feira, 7 de junho de 2007

Plantios diversos

Ontem e hoje fomos eu, Neyde (mãe), Neyse (irmã) e Spike (cão) ao terreno para plantar mudas diversas (flores, ornamentais, aromáticas) e semear hortaliças nas leiras das curvas de nível: alface americana, salsinha grauda, cebolinha, agrião, rúcula, cebola baia, repolho, brócolis, cenoura, ervilha torta, ervilha de corda, beterraba.

Enquanto mãe e Neyse semeavam eu fazia as medições das curvas de nível do terreno e seu croqui. Algo como a imagem abaixo.


quarta-feira, 6 de junho de 2007

Terraços de base estreita

Ah que prazer trabalhar a terra. Ontem terminei a marcação das curvas de nível e hoje Levino finalizou a abertura das valetas. Fizemos o que se chama "terraços de base estreita", medindo o canal aproximadamente 30cm de largura (pouco mais que a largura da enxada) e o camalhão formando leiras abaixo do canal, onde iniciamos o plantio de verduras e legumes na região mais baixa e úmida do terreno. Interessante notar ao cortar o solo que em alguns trechos a terra se apresenta muito mais úmida que em outros, o que nos incentivou a plantar agora mesmo. O desenho abaixo mostra o tipo de corte realizado nas curvas de nível. (Veja abaixo alguns cálculos que podem ser interessantes para o manejo de seu terreno).


Pra quem gosta de números

Para calcular a declividade dos terrenos, tomei o terreno mais ao norte, que forma um retângulo de 26,85m por 44,90m. Para faciliar um pouco as contas, vamos arredondar pra 27m por 45m. A fachada da casa estará alinhada em sentido leste-oeste, o que nos coloca de frente para o norte, sendo que a parte mais alta do terreno está ao sul. Assim, de maneira geral as curvas de nível seguem no sentido leste-oeste (bom lembrar que na maioria das vezes não é assim, pois a posição e relevo de um terreno pode mudar muito isso).


Então, de maneira aproximada, a ponta sul do terreno está alinhada com a ponta norte. Ligando esses dois pontos, formamos dois triângulos retângulos, cuja hipotenusa mede aproximadamente 52,5m, como mostra a figura abaixo, onde a linha em azul marca tanto a hipotenuza como o eixo norte-sul (aproximado).
Para achar essa medida utilizamos o Teorema de Pitágoras, em que "hipotenusa ao quadrado é igual à soma do quadrado dos catetos", ou c² = a² + b², onde c é a hipotenusa, a=45m e b=27m.

Uma vez achada a hipotenusa, para encontrar a declividade peguei o ponto mais alto do terreno, de acordo com a topografia anotada na planta do engenheiro e subtraí a cota mais baixa. Encontrei assim um desnível de 14m. Repare na figura abaixo que podemos fazer o mesmo utilizando madeiras retas de tamanho conhecido e um nível, desses de pedreiro, para deixar uma das madeiras na horizontal e apoiada no chão. Os ângulos internos "a" nos dois triângulos é o mesmo e indica a declividade do terreno.
Aqui entra um pouco mais de trigonometria. Para achar o valor desse ângulo, precisamos usar seno ou coseno. Seno achamos dividindo o cateto oposto do ângulo que se deseja saber pela hipotenusa do triângulo. Coseno se consegue dividindo o cateto adjacente pela hipotenusa. No Google basta procurar por "tabela trigonométrica", "tabela de seno e coseno" e encontramos facilmente valores aproximados. No caso do exemplo acima, o seno do ângulo "a" foi obtido dividindo 14m por 52,5m:

sen a = 14/52,5
sen a = 0,266

Pesquisando agora na Tabela Trigonométrica, encontramos esse valor de seno indicando que o ângulo "a" está entre 15 e 16 graus. Em outras palavras, o terreno tem uma declividade aproximada de 15 graus.
A importância de se achar esse valor está no tipo de cuidados necessários em relação ao solo. Uma inclinação maior do terreno fará com que a água superficial (que escorre durante uma chuva mais forte) ganhe maior velocidade e portanto transporte mais solo e nutrientes, podendo ocasionar erosão. Esse solo vai-se acumular nos fundos de vale, rios, lagos, provocando assoreamento. Perde-se no terreno e perde-se nos corpos d'água. A tabela abaixo dá uma idéia da perda de solo considerando várias declividades e comprimentos de rampa.




Repare que quanto menor a inclinação e a rampa, menor o fator de perda de solo.
Juntando todo esse conhecimento, podemos ajustar nossa conduta em relação ao solo, por exemplo, diminuindo ou aumentando o tamanho das rampas (ou a distância entre as linhas das curvas de nível), em função da declividade maior ou menor do terreno.
Existem fórmulas para se calcular a perda de solo, onde entram variáveis como: declividade, comprimento de rampa, erosividade, erodibilidade, práticas de cultura e práticas de conservação. Mas essa é uma outra conversa, rs.




terça-feira, 5 de junho de 2007

Cuidar da Terra

Trato os terrenos como unidades vivas. Estas são caracterizadas por células, unidades que se auto-reproduzem (autopoiéticas) com fluxo aberto de matéria e energia embora estruturalmente fechadas. Em outras palavras, a energia e matéria que entram são utilizadas na síntese de estruturas celulares (núcleo, ribossomos, cloroplastos, membranas, retículos, mitocôndrias, etc, etc). Estruturalmente então as células devem permanecer fechadas, contendo suas estruturas e a matéria que entra, ao ser utilizada, gera resíduos que são exportados da célula, assim como a energia não utilizada e dissipada em forma de calor.
O funcionamento equilibrado desse sistema leva a célula ao crescimento, até um certo ponto a partir do qual inicia-se o processo de duplicação.

O objetivo maior nos terrenos é tratá-lo como entidades vivas, que local que amplie as potencialidades de diversidade e vida e para isso buscamos a imitação das condições encontradas na natureza que permitiu o surgimento da multiplicidade e riqueza da vida planetária.

A base de todo esse processo é a energia solar, que faz acontecer os ciclos hidrológicos que, por sua vez, fará circular os nutrientes e permitirá o desenvolvimento da vida. Também água e energia solar são os responsáveis pela intemperização de rochas transformando-as em solo com o passar do Tempo. Como todo esse processo acontece em um planeta, nossa casa, nossa morada, nosso lar, chamado Terra, temos que essa supre as condições necessárias, as informações básicas para a existência da vida como a conhecemos. Sol, Água, Tempo e Terra dialogam para que estejamos aqui.

Nos terrenos queremos otimizar esse processo para recuperar a riqueza de vida (quantidade e diversidade) que já existiu na região, como mostram as tabelas abaixo da Avaliação Visual no Chacramento Sol Nascente. Para isso estamos adotando como ponto de partida o solo local onde estão sendo implantadas as curvas de nível, cuja intenção é reter matéria e energia dentro do sistema.

Ao atingir um solo desnudo a energia solar rapidamente se dissipa para a atmosfera em forma de calor. Gera também a informação necessária para que sementes aí existentes possam germinar, o que só é possível se existir também água suficiente para o crescimento e desenvolvimento vegetal. Plantas e alguns microrganismos realizam a fotossíntese (produzindo seu próprio alimento) ao coletar a energia solar em estruturas internas chamadas cloroplastos. Essa energia é então utilizada na síntese de compostos de carbono (açúcares, celulose, proteínas, etc), a partir da captura de CO2 da atmosfera e na presença de água e nutrientes obtidos pelas raízes das plantas e levados até as folhas, onde ocorre todo processo.

Para ampliar a oferta de nutrientes e energia disponível no solo, fazemos as curvas de nível. Estas retem maior umidade com as chuvas, que ocorrem como parte do ciclo hidrológico movido pelo Sol. A chuva carrega energia cinética que, ao atingir o solo se transforma em energia mecânica e pode desestrutura-lo e causar erosão e lixiviação (dissolução e carreamento de nutrientes do solo). Com as curvas de nivel o fluxo superficial de águas é contido e sua energia de movimento transformada em energia potencial com seu acúmulo nas curvas. Água retida no solo por um período maior de tempo tem mais possibilidade de infiltrar-se, ocupando poros e espaços vazios. essa água infiltrada dará origem aos lençóis freáticos e às águas sub-superficiais que, por capilaridade e adesão permanecem próximas à superfície e são utilizadas diretamente pelos vegetais.

Também as curvas de nível, ao barrar o escoamento superficial das águas, permite o acúmulo de folhas, gravetos, sais, nutrientes, matéria orgânica que serão aproveitados pelos vegetais. Tendo ampliada a disponibilidade de água e nutrientes, as plantas conseguem otimizar a fixação da luz solar e produzir compostos químicos diversos para seu próprio sustento, crescimento e reprodução, além de um excedente que será oferecido a microrganismos diversos presentes próximo às suas raízes e que atuam como parceiros em todo processo. Fungos por exemplo, podem se associar às raízes formando micorrizas com a função de buscar água num raio mais distante, recebendo em troca nutrientes das raízes; ou protozoários que, junto às raízes, liberam substâncias para quebrar moléculas complexas e extrair energia e alimento para seus processos metabólicos, liberando como resíduos substâncias biocidas que atacarão eventuais patógenos vegetais.

Maior disponibilidade de água no solo permite mais infiltração e, como vimos, parte dessa infiltração reabastecerá os lençóis freáticos da bacia onde se localiza o terreno, recuperando minas d'água e auxiliando na manutenção do ribeirão e águas de fundo de vale.

sábado, 2 de junho de 2007

Camiinhos

01/06/2007 - Continuamos eu e Levino a abrir as curvas de nível fazendo os camiinhos.

02/07/2007 - Hoje levei mãe e irmã pra verem como está ficando o local. Plantamos dálias branca e vermelha e muda de amora. Andamos por todo terreno, indo e vindo pelos camiinhos. kkk. Muito legal mesmo.