A Natureza como modelo na construção de Casas Ecológicas, Habitats Sustentáveis, Tecnologias Vivas e Comunidades Sustentáveis.

Nature as the model for the construction of Ecological Houses, Sustainable Habitats, Living Technologys and Sustainable Communities.

domingo, 8 de março de 2009

Da janela os horizontes (clique para ver as imagens)


Da janela da sala vejo as montanhas ao longe, Serra Branca. Mais perto um grande morro, quase só pasto ralo. De outro lado as montanhas de Maria da Fé.
Os extremos.
Os horizontes ficam nos extremos do olhar. Impossível alcançá-los caminhando. Para qualquer lado que se vá os horizontes insistem em se afastar do caminhante. Chegam perto quando estamos no fundo dos vales. Distanciam-se quilômetros do alto das montanhas.
Os limites.
Os extremos.
Os horizontes.
O caminho não tem fim quando caminhamos. Um passo a mais e novos horizontes se descortinam ante nossos olhos, ampliando os limites. E quando a terra vira mar, nossas deficiências afloram. O mar não limita o caminhante, apenas exige que se transforme em peixe ou gente do mar para continuar sua jornada. Se não pode ou não quer a transformação, afoga-se ou volta por onde veio. Encontra o limite de si mesmo e toma uma decisão.
E a decisão pode ser parar e transformar sua própria jornada. Experimentar outros limites.
Sabendo que o horizonte não pode ser atingido, sabendo que entre os extremos está o equilíbrio, pode achar a si mesmo em sua busca. O centro do mundo está no caminhante que para e se percebe entre os extremos, entre os horizontes.
- Foi para se achar que saiu, não foi? Para procurar o horizonte de si mesmo. E descobre que o encontra dentro e não fora.
- É.
E agora me transformo de passageiro em observador, que vê os que passam. Pararão? Ou seguirão sua jornada? Interromperão sua busca para encontrar outros limites? Ou continuarão a expandir os limites através dos horizontes de suas buscas?
Quando a gente caminha, outros são os observadores. Nós passamos. Chegamos e no nosso tempo nos vamos. Os demais ficam, permanecem. Não nos podem pedir para ficar. Podem apenas abrir as portas de suas casas para que entremos ou não. E quando nos tornamos observadores, a regra deve ser seguida, honrada. Não podemos pedir que fiquem. É preciso honrar a jornada do outro. Podemos apenas abrir as portas, indicar o caminho para um prato quente de comida, um banho refrescante, uma taça de vinho. E quem caminha define se entra, se vai, se permanece à porta. Porque esse é o seu momento, sua verdade, seu caminho.
Honrar as escolhas dos que caminham.
Existem leis não ditas nas estradas.
Nem todos entendem.
Nem todos as seguem.
É preciso caminhar atento para apreende-las. E uma vida é pouco para tudo que um caminho ensina. E um caminho ensina muito pouco se o que buscamos é chegar em algum lugar do horizonte. Porque o horizonte foge do caminhante. E se ri dele: kkkkkkkkkkkkkkkk ........
Quando no entanto, o caminhante faz do caminho sua meta, não importa onde a estrada vá. Nem importa caminhar. O caminhante aprendeu que o caminho se faz com seu próprio caminhar. E qualquer lugar é lugar, pois o centro está onde ele estiver.
O centro nunca é o outro. Não existe uma metade fora que nos complemente. A metade que falta está dentro. E quando o caminhante cessa sua jornada externa, encontra a metade que faltava. Dentro. Do lado de dentro de si mesmo.
E quando encontra isso, talvez o melhor que possa oferecer ao outro, o melhor de si mesmo, seja o Amor Incondicional, o amor e respeito ao caminhar do outro.
Meus caminhos são muitos, hoje que parei de caminhar. E descortino horizontes como nunca antes, agora que caminho sem sair do lugar. Os limites vão-se encontrando. As distancias vão-se encurtando. Os opostos vão-se encontrando. Vou-me integrando e entregando.
A jornada ganha novos contornos, sabores, tons, cores.
Observo os que chegam e me pergunto: estarão no tempo de parar? Encontraram seu caminhar?
As portas?
Deixo-as abertas...

Um comentário:

Lulu disse...

Que lindo texto! Apesar de dizer o que já se disse, está sentido e transmite a sensação de quem está a falar está na estrada com corpo e alma.
Uma vez abri numa página qualquer o livro "A mensagem" de Fernado Pessoa e os meus olhos caíram numa frase: "Ninguém está perdido".

Obrigada por esse lindo blog,
Luciana