A Natureza como modelo na construção de Casas Ecológicas, Habitats Sustentáveis, Tecnologias Vivas e Comunidades Sustentáveis.

Nature as the model for the construction of Ecological Houses, Sustainable Habitats, Living Technologys and Sustainable Communities.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

080811 - Parece mas não é (clique para ver as imagens)


Parece mas não é. Não é uma folha, como muitas caídas ao solo, cinzas, marrons, já sem vida. Uma mariposa, pousada sobre o concreto pintado com tabatinga rosa. Não parece concreto, mas é. Ou sobre a pedra rosa, trazida ano passado para a base da casa.
Parece morta, não se mexe, patas encolhidas, imóvel. Parece morta, mas não está. Sobre a pedra, à sombra, sem movimento no entorno, sem ameaças, levanta as asas, e se firma sobre as patas, sobre a pedra. Sobre a pedra da base a borboleta, mariposa. Leve, linda. Parece pedra, mas não é. Parece morta, mas não está. Parece parada, mas vive.
Que pensa a mariposa, o sábio chinês? Seria ela a mariposa ou o sábio? Tempos de jogos olímpicos na china. Que ligação terá? Que ligação fazem as mentes que se conectam com pedras, concreto, mariposas, sábios chineses?

080811 - Ipê florindo, plantios e algodão pra passarinho


Quase dois meses sem chuvas. Mas choveu bastante antes da estiagem. E voltou a chover por esses dias. As chuvas tendem a se concentrar no tempo e em quantidade. Efeitos das mudanças climáticas. Mais concentradas as chuvas podem trazer maiores estragos para solos descobertos e sem proteção de vegetação, palha ou curvas de nível.
Se ano passado o Ipê maior, pai-mãe dos vários outros aqui de casa, deu poucas flores e sementes, esse ano está bem mais carregado, lindo, lindo. E suas flores cheirosas como contamos ano passado. E muita coisa mudou. Um ciclo vai-se fechando e outros vão-se abrindo. Muito mudou do ano passado para cá. Apenas um ano e duas casas estão levantadas, as hortas produzindo bem (alface, mandioca, couve, tomate, salsinha, cebolinha, rúcula, vários feijões, ervilha). E recém plantados: feijão branco, vermelho, preto, azuki, de vara, de porco, carioquinha; milho branco, amarelo, pipoca, pamonha; moranga, abóbora, cana caiana, banana, xuxu, maracujá. Uma festa para os olhos, olfato, paladar. Fartura que a terra dá.
Plantamos sementes de algodão que vieram de Três Corações, da Unindatribo. Por agora, quase primavera, passarinho quer fazer ninho e o algodão é pra eles deixarem seu lar mais aconchegante, maciinho, gostoso, quentinho nas madrugadas frias. Passarinho é gente que voa e merece todo carinho, cuidado e atenção. Passarinho é gente que canta lá do alto e queremos eles por perto, livres, felizes, pra que cantem muito por aqui. E com frutos pra alimentarem seus filhotes, pois tem pra todo mundo. Todas as gentes, pequenas, grandes, com penas, pelos, escamas, toda gente bicho, gente árvore, gente microrganismo é bem-vinda em Gaia Terranova.

080729 – Revestimento biocomposto (clique para ver as imagens)


Um dos componentes de nosso trabalho é o resgate de tradições que estão se perdendo com o modo de vida urbano. Recuperação de madeiras, portas, janelas, ferragens e pessoas já abordamos diversas vezes no blog. Agora encontramos pessoas que se preocupam com a perda de processos, conhecimentos e técnicas que funcionaram muito bem durante dezenas, centenas de anos. Técnicas construtivas como o reboco utilizando esterco animal. Para não ferir os sentimentos urbanos mais puros, demos o nome de “revestimento biocomposto”, mais atualizado e menos ofensivo que falar “bosta de vaca”, kkkkkkkkkkk, que é algo que talvez não se compre. Já um processo artesanal de reboco de parede biológico, não agressor ao meio ambiente, ecologicamente correto, sem aditivos químicos, metais pesados ou contaminantes, enfim, um revestimento biocomposto, é muito mais “vendável” e sustentável.
As imagens mostram como os antigos faziam o revestimento de paredes e chão. Segundo contam, casas assim não tem baratas ou pulgas. Dizem que ambos não gostam do cheiro. Odor, aliás, só notamos no primeiro dia, pois logo se dissipa. A qualidade do revestimento é bastante boa: não trinca, não racha e não desgruda com facilidade. Logo após a segunda mão, já pintando com tabatinga branca e rosa, chuvas torrenciais caíram em nossa região. O reboco simplesmente desconsiderou isso e manteve-se firme na parede. Melhor que cimento que, com certeza teria se soltado com o chuvaréu que caiu.
Experimentamos assim diversas possibilidades de revestimento: uma camada, duas camadas, pintura com tabatinga branca, pintura com tabatinga rosa, sem pintura. Pra ver como é que fica. E acho fica bem de qualquer jeito. E ainda tem o acabamento do acabamento (pra variar, rsrs), pintando o rosa sobre o branco ao redor de janelas e vice-versa, e uma massa bem fina, um caldo do esterco, fechando eventuais fissuras e dando um toque mais fino ao revestimento. Visitamos, aliás, casa de Eva, senhora que aparece nas fotos fazendo a textura e vimos o chão de um quartinho de bambu: terra batida revestida com o composto há alguns anos. Durabilidade.
O segredo do revestimento reside apenas na composição, diluição e modo de aplicar. Faremos uma oficina teórico-prática dia desses, pra quem quiser conhecer e experienciar a técnica.

080521 - Acabamento do acabamento


Agora nova fase, os retoques finais. Um novo pedreiro se apresenta e, com o tempo, mostrou-se o melhor que já passou por aqui: qualidade, competência, compromisso, cuidado, limpeza. Está fazendo o acabamento do acabamento: calçadas, faixas de portas e janelas, retoques em besteiras que outros fizeram.

080517 - Finalmente a MUDANÇA


Finalmente!!!
Escolhemos a proximidade da Lua Cheia para a mudança. Empacota, embala, arruma, transporta, tira do caminhão, empilha, leva pro quarto, sala, cozinha, monta armário. Mudar é bom e dá trabalho. E quem não muda tem trabalho também. E muitas vezes não é pouco. Então no fundo são as escolhas que fazemos. Em amplos sentidos, mudar ou não mudar são escolhas que se fazem. E com custos associados, em quaisquer dos casos.
Escolhemos construir, escolhemos material, escolhemos telhado, escolhemos acabamentos, louças, madeiras, ferragens, escolhemos mudar, escolhemos viver nova vida. Escolhemos Lua Cheia, escolhemos o dia 17, Terra no Calendário da Paz – nada mais oportuno.

080419 – Acabamento, pisos e visitas (clique para ver as imagens)


Mão-de-obra responsável, que não enrole o serviço, que faça tudo com capricho e sem desperdícios – eis um desafio e tanto. Mais um, rsrs. Mas a construção está no final e logo nos mudamos. A casa está ficando bem bonita, grande, espaçosa, pé direito alto. Um dos pedreiros disse outro dia que o segredo da construção é a paciência: “parece que não, que nunca termina, mas vai fazendo uma coisa de cada vez e um dia acaba”. É, um dia acaba. Mas quem já construiu sabe bem (já ouvia isso antes e agora aprendi também) que o que parecia terminar em uma semana leva duas, três, um mês, dois. Pequenos detalhes que tomam tempo. Uma ou outra coisa que deve ser refeita. O prazo inicial que se estende, ora porque o pedreiro errou no cálculo do tempo, ora porque nossa ansiedade quer que tudo aconteça mais rápido que o possível. Construção é aprendizado. E dos melhores.

080417 – Sistema de filtragem e reuso de águas cinzas (clique para ver as imagens)


Um outro sistema está sendo instalado, diferente da wetland. A idéia agora é reaproveitar a água cinza, rica em nutrientes como fósforo, para a rega de plantas ornamentais e árvores da parte baixa do terreno. Construímos então um filtro, reaproveitando caixa d’água comprada em ferro velho, com saída que alimenta pequeno depósito (tambor de construção reaproveitado) que armazena a água de um dia para outro. Logo cedo, a água acumulada é utilizada na rega, principalmente agora que o período de estiagem está chegando e as plantas mais precisam. Como a proposta é sistêmica e integrada, durante as chuvas nossa intenção é utilizar apenas águas que chegam ao telhado e, durante a estiagem, reaproveitar as águas cinzas para as plantações. Durante a seca, apenas hortaliças receberão água tratada.
Todo trabalho aqui é monitorado, de modo a fazer ajustes constantes até que os sistemas funcionem adequadamente. Percebemos então que utilizar areia no filtro demanda muito trabalho e limpeza constante, comprometendo em muito a eficiência do sistema. Águas que permanecem muito tempo na superfície geram odores desagradáveis. Intervenções diversas ao longo do tempo nos permitiu chegar a um ótimo no tocante a odores e capacidade de filtração, desenvolvendo um sistema ao mesmo tempo de filtragem com parcela de wetland.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

080410 – Sistema de tratamento biológico de águas negras


Tomando como base normas da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, fizemos o dimensionamento do sistema de tratamento biológico de águas negras (vasos sanitários apenas). O afluente é bastante reduzido em relação ao proposto pela norma (160 litros/hab/dia para residências de padrão médio). Isso porque separamos as tubulações e águas negras e cinzas e instalamos equipamentos que poupam água, caso dos vasos sanitários com caixa acoplada com consumo de 6 litros (quando apenas urina chega aos vasos, damos descarga controlada, suficiente apenas para diluí-la). No entanto, como os sistemas de tratamento de água fazem parte de monografia de conclusão de curso de especialização latu sensu em meio ambiente e recursos hídricos e a evolução do sistema, análise das águas e possível redimensionamento fazem parte de mestrado no mesmo curso, optamos em fazer o sistema seguindo o dimensionamento proposto pela norma.
São três as câmaras: a primeira para digestão do material sólido que chega; a segunda para biofiltro com função de polimento do efluente; a terceira com sistema ainda indefinido, poderá ser uma bacia de evapotranspiração/wetland, um filtro biológico complementar ou pequena lagoa.

080408 – Coleta e análise microbiológica de solos



Pesquisas diversas fazem parte do trabalho em Gaia Terranova. Aproveitando aula de microbiologia, fizemos coleta de diferentes solos para comparar a vida microbiana entre os mesmos. O solo onde plantamos leguminosas e vimos cuidando mais de perto nos últimos meses apresentou resultados melhores, aparentemente com mais quantidade e diversidade de microrganismos que o pasto degradado atrás de casa e o solo encharcado da wetland.

080330 - Captação água de chuva


Outra ecotecnologia que estamos incorporando. Uma das caixas d’água estava reservada para reuso de águas cinzas tratadas, com destinação exclusiva para vasos sanitários. No entanto, entendemos que o odor da água acumulada não compensaria e resolvemos interligar todas as caixas com o telhado, para captar águas de chuva. Essencialmente água destilada, em contato com poluentes atmosféricos, o risco é de uma chuva ácida ou contaminações diversas. Como estamos atrás da Mantiqueira, poluentes vindos do Vale do Paraíba não chegam até aqui. Poeira, folhas, pólem e outros materiais podem se acumular no telhado e é interessante que as primeiras águas (que limpam o telhado) sejam direcionadas para fora da caixa d’água. Experimentamos aqui utilizar também essa água, colocando tela na calha e deixando que a primeira caixa funcione como depósito de materiais mais densos, não sendo esta diretamente conectada às tubulações, o que ocorre apenas com outras duas caixas, que recebem água da primeira. Dessa forma, toda água de chuva é aproveitada na casa e só não é utilizada para beber. Nossa expectativa é que, com as chuvas, utilizemos apenas água coletada do telhado e não mais água tratada fornecida pela concessionária local.

080327 – Telhado e acabamento


O acabamento é mesmo um grande desafio. Demoramos muito com o telhado por conta da idéia de utilizar telhas ecológicas, o que se mostrou absolutamente inapropriado. Como utilizamos muita madeira de demolição (que, ao recuperá-las, descobrimos serem peroba-rosa, madeira que já não se encontra na região), optamos utilizar eucalipto no lugar da “peroba do norte” (denominação genérica para identificar tudo que é madeira que vem da Amazônia e que pode, até, ter algo de peroba) ou outras madeiras mais nobres, todas da Amazônia.

080326 - Wetland funcionando 7 e biri



A wetland, após algumas intervenções, vai funcionando bem: as águas são totalmente absorvidas, não existem odores desagradáveis, as plantas crescem e florescem. Além de tratar o efluente, recuperar nutrientes, proporcionar microclima mais ameno e úmido, também tem a função paisagística, de embelezar o lugar com variadas flores. Abelhas adoram isso e vem visitar o sistema com freqüência, principalmente as nativas, sem ferrão.

080319 - Vista dos carneiros


Bela vista do bairro onde moramos. As chuvas dos últimos dias alagou a várzea, criando espelho dágua que reflete as casas que podem ser vistas da BR 459.