- Sei que o preço que pediu pelas janelas é pouco, digo.
- O pessoal diz mesmo que foi pouco, mas dei o preço e é palavra de homem!
Sabemos disso, Vitor, sabemos. Mas também reconhecemos quando o serviço foi e está sendo muito além do que foi combinado. Sabemos o trabalho que está dando tirar anos e anos de tinta, camada sobre camada de tinta, recobrindo histórias e histórias. Fizemos isso com portas na casa em Santo André. Foram dias e dias retirando velhas tintas. Sabemos o quanto custou.
Mas queremos a madeira limpa do tempo. Queremos um recomeço daquilo que seria lixo em algum porão. Queremos resgatar uma história ainda mais antiga, aquela de um dia Árvore-abatida-pela-mão-do-homem, e que, antes de tombar, viu a sucessão dos dias, das noites, dos ventos, das chuvas, das secas, das serras, dos vales, dos bois, dos machados.Deixar nua essa história é uma outra história que merece ser contada. E as mãos de Vitor estão trazendo à tona décadas, quiçá séculos de história. E isso vale muito mais do que aquilo que pediu. Muito mais.
Com as janelas não resgatamos apenas madeira nobre, para um fim nobre. Resgatamos a nobreza do homem que empunha a lixa, que retira as tintas, que reconta a vida. Resgatamos valores humanos, esquecidos, perdidos, reencontrados.Não estamos construindo uma casa, estamos construindo histórias, recontando vidas, repovoando sonhos, fortalecendo experiências. Como as janelas, estamos abrindo novas possibilidades, retirando a tinta para deixar que se veja o cerne, o interior, a essência: das madeiras, das pessoas, de nós mesmos, de nossos colaboradores.
Um comentário:
Janelas...
"Em cada coração há uma janela para outros corações. Eles não estão separados, como dois corpos. Mas assim como duas lâmpadas que não estão juntas, sua luz se une num só feixe"
Rumi.
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