A Natureza como modelo na construção de Casas Ecológicas, Habitats Sustentáveis, Tecnologias Vivas e Comunidades Sustentáveis.

Nature as the model for the construction of Ecological Houses, Sustainable Habitats, Living Technologys and Sustainable Communities.

terça-feira, 5 de junho de 2007

Cuidar da Terra

Trato os terrenos como unidades vivas. Estas são caracterizadas por células, unidades que se auto-reproduzem (autopoiéticas) com fluxo aberto de matéria e energia embora estruturalmente fechadas. Em outras palavras, a energia e matéria que entram são utilizadas na síntese de estruturas celulares (núcleo, ribossomos, cloroplastos, membranas, retículos, mitocôndrias, etc, etc). Estruturalmente então as células devem permanecer fechadas, contendo suas estruturas e a matéria que entra, ao ser utilizada, gera resíduos que são exportados da célula, assim como a energia não utilizada e dissipada em forma de calor.
O funcionamento equilibrado desse sistema leva a célula ao crescimento, até um certo ponto a partir do qual inicia-se o processo de duplicação.

O objetivo maior nos terrenos é tratá-lo como entidades vivas, que local que amplie as potencialidades de diversidade e vida e para isso buscamos a imitação das condições encontradas na natureza que permitiu o surgimento da multiplicidade e riqueza da vida planetária.

A base de todo esse processo é a energia solar, que faz acontecer os ciclos hidrológicos que, por sua vez, fará circular os nutrientes e permitirá o desenvolvimento da vida. Também água e energia solar são os responsáveis pela intemperização de rochas transformando-as em solo com o passar do Tempo. Como todo esse processo acontece em um planeta, nossa casa, nossa morada, nosso lar, chamado Terra, temos que essa supre as condições necessárias, as informações básicas para a existência da vida como a conhecemos. Sol, Água, Tempo e Terra dialogam para que estejamos aqui.

Nos terrenos queremos otimizar esse processo para recuperar a riqueza de vida (quantidade e diversidade) que já existiu na região, como mostram as tabelas abaixo da Avaliação Visual no Chacramento Sol Nascente. Para isso estamos adotando como ponto de partida o solo local onde estão sendo implantadas as curvas de nível, cuja intenção é reter matéria e energia dentro do sistema.

Ao atingir um solo desnudo a energia solar rapidamente se dissipa para a atmosfera em forma de calor. Gera também a informação necessária para que sementes aí existentes possam germinar, o que só é possível se existir também água suficiente para o crescimento e desenvolvimento vegetal. Plantas e alguns microrganismos realizam a fotossíntese (produzindo seu próprio alimento) ao coletar a energia solar em estruturas internas chamadas cloroplastos. Essa energia é então utilizada na síntese de compostos de carbono (açúcares, celulose, proteínas, etc), a partir da captura de CO2 da atmosfera e na presença de água e nutrientes obtidos pelas raízes das plantas e levados até as folhas, onde ocorre todo processo.

Para ampliar a oferta de nutrientes e energia disponível no solo, fazemos as curvas de nível. Estas retem maior umidade com as chuvas, que ocorrem como parte do ciclo hidrológico movido pelo Sol. A chuva carrega energia cinética que, ao atingir o solo se transforma em energia mecânica e pode desestrutura-lo e causar erosão e lixiviação (dissolução e carreamento de nutrientes do solo). Com as curvas de nivel o fluxo superficial de águas é contido e sua energia de movimento transformada em energia potencial com seu acúmulo nas curvas. Água retida no solo por um período maior de tempo tem mais possibilidade de infiltrar-se, ocupando poros e espaços vazios. essa água infiltrada dará origem aos lençóis freáticos e às águas sub-superficiais que, por capilaridade e adesão permanecem próximas à superfície e são utilizadas diretamente pelos vegetais.

Também as curvas de nível, ao barrar o escoamento superficial das águas, permite o acúmulo de folhas, gravetos, sais, nutrientes, matéria orgânica que serão aproveitados pelos vegetais. Tendo ampliada a disponibilidade de água e nutrientes, as plantas conseguem otimizar a fixação da luz solar e produzir compostos químicos diversos para seu próprio sustento, crescimento e reprodução, além de um excedente que será oferecido a microrganismos diversos presentes próximo às suas raízes e que atuam como parceiros em todo processo. Fungos por exemplo, podem se associar às raízes formando micorrizas com a função de buscar água num raio mais distante, recebendo em troca nutrientes das raízes; ou protozoários que, junto às raízes, liberam substâncias para quebrar moléculas complexas e extrair energia e alimento para seus processos metabólicos, liberando como resíduos substâncias biocidas que atacarão eventuais patógenos vegetais.

Maior disponibilidade de água no solo permite mais infiltração e, como vimos, parte dessa infiltração reabastecerá os lençóis freáticos da bacia onde se localiza o terreno, recuperando minas d'água e auxiliando na manutenção do ribeirão e águas de fundo de vale.

Um comentário:

Anônimo disse...

São belas as suas palavras.
São um presente...
Tanto no sentido de "compartilhar" como no "tempo verbal".