A Natureza como modelo na construção de Casas Ecológicas, Habitats Sustentáveis, Tecnologias Vivas e Comunidades Sustentáveis.

Nature as the model for the construction of Ecological Houses, Sustainable Habitats, Living Technologys and Sustainable Communities.

sábado, 9 de junho de 2007

Posses, cercas, limites e plantios (clique aqui para ampliar a imagem de hoje)

Uma amiga tem falado da necessidade de "tomar posse" de si mesmo, de sua referência no mundo, de sua materialidade/espiritualidade. Pensava nisso enquanto colocava os mourões no terreno, e bem lembrou-me ela que a "mudança de domínio" tem tudo a ver com a mesma questão. Evoluindo, penso. A mudança de domínio foi em relação ao Encantador de Sonhos (www.encantadordesonhos.com.br) para EcoEducação (www.ecoeducacao.com.br). Mudam forma, conteúdo, trabalho, muda tudo: minha inserção/posição no mundo, comigo mesmo, com a família, a sociedade, o espírito, tudo.

O "tomar posse" tem essa característica de estabelecer um lugar, um marco, um ponto focal a partir do qual o cuidado com a terra, Gaia Terranova, possa ser concebida, tomar forma, nascer. Não me ocupava, como não me ocupo, de colocar cercas no sentido de proteger uma "posse", mas de clarear limites. Limites semi-permeáveis, no entano, pois não desejo impedir a passagem de animais silvestres, por exemplo, muito menos ameaçar com arames farpados, espinhos, agressões que dissimulam os medos internos, as inseguranças de se perder o equilíbrio, a "tranquilidade". Tudo isso não está fora, mas dentro, e não são cercas elétricas que mantém o "perigo" fora: nós mesmos, com nossos medos e inseguranças nos encarregamos de trazê-los todos para dentro de casa. Assim é outro o trabalho em relação a limites, propriedades, posses, possessões, domínios. O terreno está delimitado como um ser vivo, com membranas semi-permeáveis que permitem a passagem de algumas coisas enquanto impedem a passagem de outras.

Não me interessa, por exemplo, que vacas, bezerros, bois e parentes adentrem o terreno. Assim como não me interessa machucá-los para que se mantenham distantes. Daí usar arame liso, o que foi feito ontem, eu e Levino, trabalhando dia inteiro para colocar três fios de arame na cerca, tão esticados que se pode tocar uma moda de viola neles. O som, o vento, o ar, a chuva, as pessoas convidadas, as siriemas, os pássaros, os tatus, todos podem passar sem se ferir. Os bovinos e equinos não. Isso porque semeamos por esses dias e logo começarão a brotar os risos da terra, as crianças verdes, as espécies fotossintetizantes que ampliarão a diversidade e vida local. Damos assim o início do processo dentro de novos parâmetros, longe da monocultura e buscando a diversidade, por entender que ela enriquece, enquanto a monocultura empobrece.
Também ontem Levino trouxe bambus e os cortou em tamanhos adequados e juntos fizemos vários "A" (foi como ele os chamou, rs), estruturas que se cruzam em cima e com uma trave abaixo, um "A" mesmo, para que possam se apoiar as ervilhas e feijões. Colocamos as estruturas logo abaixo as leiras das curvas de nível, para sombrear um pouco as hortaliças e de modo a não impedir a passagem pelos camiinhos.

Hoje (sábado) retornei cedo ao terreno e semeei girassol graúdo a lanço em parte do terreno, mais girassol miúdo nas leiras que dão continuidade àquelas já semeadas com verduras. Tudo está sendo coberto com a palhada cortada quando da entrada no terreno e aos poucos o solo que estava descoberto (com a abertura das curvas de nível), vai ganhando cobertura morta após a semeadura. Onde as leiras se encontram com as cercas, semeei bucha, outra trepadeira que quero ganhe os limites do terreno, formando cercas vivas, comestíveis e de utilidades múltiplas. Pretendo ainda semear trepadeiras ornamentais, maracujás, xuxu, pepino, legumisosas diversas e manter o cipó-são-joão, bastante abundante no terreno e que deu uma trabalheira danada. Cumpre ele a função de proteger o solo e fazer a comunicação entre áreas do terreno. Agora permanece no local, mas de forma orientada, pois logo pretendo que seja também utilizado no amarrio de estruturas que comporão as paredes de pau-a-pique, que fará algumas das divisões internas da casa.
Levino também chegou cedo e iniciou a limpeza de área que acordamos ontem será para hortas. Teremos muitos produtos em pouco tempo.


Um comentário:

Anônimo disse...

Limites:
Podem ser restritivos ou simplesmente,
como margens de um rio,
possibilitam movimentos de vir-a-ser.